A frouxidão no amor é uma ofensa,
Ofensa que se eleva a grau supremo;
Paixão requer paixão; fervor e extremo.
Com extremo e fervor se recompensa.
Vê qual sou, vê qual és, vê que diferença!
Eu descrevo, eu praguejo, eu ardo, eu gemo;
Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo;
Em sombras a razão se me condenas.
Tu só tens gratidão, só tens brandura,
E antes que um coração pouco amoroso,
Quiser ver-te uma alma ingrata e dura.
Talvez me enfadaria aspecto iroso,
Mas de teu peito a lânguida ternura.
Tem-me cativo, e não me faz ditoso.
Ofensa que se eleva a grau supremo;
Paixão requer paixão; fervor e extremo.
Com extremo e fervor se recompensa.
Vê qual sou, vê qual és, vê que diferença!
Eu descrevo, eu praguejo, eu ardo, eu gemo;
Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo;
Em sombras a razão se me condenas.
Tu só tens gratidão, só tens brandura,
E antes que um coração pouco amoroso,
Quiser ver-te uma alma ingrata e dura.
Talvez me enfadaria aspecto iroso,
Mas de teu peito a lânguida ternura.
Tem-me cativo, e não me faz ditoso.
BOCAGE
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