Penso se virá me acordar amanhã, como um presente de despertar. Como se o dia precisasse me presentear a cada alvorecer, e seu esplendor de raios ofuscantes não fosse suficiente para minha felicidade.
Quieta relembro os beijos, repasso na memória os toques sinceros. As palavras comuns e simples que afagaram tanto quanto cada sorriso ameno e cada pensamento leve, disfarçado em sussurro. E cada sussurro acompanhado de mordida, acompanhada de arrepios.
Minha vontade nasce da esperança, cravada no desejo de fitar novamente seus olhos, moles, sonolentos. Olhos de gato manhoso. Espero sentir o peso do seu corpo inerte, imerso no sono e sonhos engraçados. A perspicácia de dois corpos se aconchegando da melhor forma na cama, buscando uma maneira de sentir-se o mais próximo possível, como que querendo fundir os milímetros da carne e entrelaçar os pelinhos arrepiados do corpo.
Sobra espaço no colchão, falta cobertor pra nos cobrir. Porque você sempre puxa para si minha parte, o que faz com que eu acorde com frio e reclamando. Você se desculpa, me abraça quente, rimos, nos beijamos. O sono vem e os cílios encontram-se, lentos e preguiçosos.
Leviana despetalo as bobas esperanças pelo lençol branco. Elas desmancham-se conforme as gotas atingem a superfície real do tecido, que permite somente que lascívia faça morada nos seus vincos. Tomando nossos corpos definitivamente, fazendo as palavras arquejarem de satisfação.
No sol vacilante da aurora, a luz translúcida veleja até suas pálpebras cerradas. Traz consigo mares de sonhos incertos. Transforma a luxuria em oceano de amor. Naufrague em mim.
22 de Junho de 2011.